quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A saudade é o umbigo da luz.

Todos observam tudo.

Mas ninguém consegue ver o próprio umbigo quando o sabonete cai no chão.

Lavar as mãos e derreter a terra é fácil.

Difícil é saber como a terra foi parar nas mãos e como lavaremos as mãos se o sabonete caiu no chão.

Mas talvez tanto a loucura quanto a sabedoria sejam refrações da mesma lente. E talvez o caos seja o que se vê sem qualquer lente quando as coisas deixam de estar em um dicionário.

Por isso desestruturar é desossar.

Por isso demolir não implode – ao contrário, recicla.

Aí é que mudam os roteiros.

Cada membro se torna uma arma. Cada máscara se torna um fato mesmo que o papel machê não seja uma letra – no máximo um porta-canetas, ainda que todas as ruas estejam riscadas.

Quando traduziremos esse dialeto?

É preciso ler o horóscopo de cada hora.

É preciso olhar embaixo da cama antes de dormir e sempre levar uma garrafa d’água para o bidê.

Ser é isso: fotografias que querem ser filme mas são apenas momentos.

Nosso olho é quem move o mundo. Somos no intervalo entre o sol e o mar e brilhamos em algum abismo desconhecido.

Submarinos algum dia irão nos encontrar. Se Lennon pilotar um deles, seria no mínimo uma tremenda sorte. Porém as chances disso são igualmente mínimas, pois toda direção, além de ser um espelho daquele que dirige, é o reflexo do local para o qual se dirige.

Sempre retornamos para a frase inicial.

O eterno retorno é a saudade. A saudade é o umbigo da luz.

4 comentários:

Anônimo disse...

fecho com vc!
"Saudade é o umbigo da luz."

Bjo!

Eduardo Matzembacher Frizzo disse...

O problema é que talvez ela seja também amiga da luz. Nas fotografias até bolas de futebol podem orbitar o sol. O segredo é descobrir quem nos chutou. Outro beijo.

adri antunes disse...

eii, obrigada pela visita! e a propósito, gosto das suas frases de impacto, dizem sem dizer e desestruturam o linear do pensamento. bem bacana!
bjuuu

pensar disse...

Adorei tuas palavras, são impactantes, são profundas.Hoje nasceu em mim tuas poesias, e te envio uma:

Não há sentido


O sentido das coisas
é ser sem sentido

Sem sentido
há flores, mas não há beleza
Então vou sentindo
e minha vida cria sentido

E vou sentindo tão profundo
que viro paixão
e sinto que minha vida vira amor
e sou amor entre rios
e sou amor ao vento

E me vou sem medo
vou feliz sentindo
o amor que me segue
e a ele sigo
e o maior invento
é dar sentido ao sentimento