terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Então só faltará escolher a marca da margarina.

A normalidade nos dá proteção. Triste é ser freak.

Bom é saber por qual razão acordamos e que horas temos de dormir. Essa coisa de se revoltar contra o mundo nunca pode durar muito. Se dura, põe fim mais em nós do que em qualquer outra coisa. Viver no limite pode ser questão de opção, mas quase sempre é mais questão de erro do que qualquer outra coisa.

Todos querem um cachorro bonito e umas crianças quaisquer correndo pelo gramado. A realidade dos nossos sonhos é mais Anos 50 do que imaginamos.

Quanto a mim, faço questão que o cachorro seja meu e as crianças dos vizinhos. Podem até ser desses amigos que tenho hoje e que dizem que nunca vão se casar.

Uma namorada antiga, aliás, fazia uma observação muito pertinente:

- Homem que diz que nunca vai casar, se amarra na primeira que aparece!

Não sei se concordo com ela, mas pelo menos quanto a mim a observação serviu, ainda que eu não tenha me amarrado exatamente a essa namorada antiga que aforismou meu futuro.

Aqui comigo, à parte esses pensares, permanece quente e permaneço ouvindo uma escola de samba que ensaia a alguns quarteirões de distância. Acho que o carnaval não tem nada a ver com o Rio Grande, mas certamente não tem nada a ver é comigo mesmo, chato de carteirinha com a anuidade atrasada e por isso mesmo mais chato ainda.

Gosto de saber que existe cheiro de comida pela casa.

Gosto de saber que no fim dessas férias, em plena terça-feira, dormi no puff, atirado na frente da televisão, sentindo o ventilador fazer com que este fevereiro não seja tão insuportável assim. Nem sei como consigo escrever algumas frases com esse calor que faz. Verão não é para seres humanos. Pelo menos não para seres humanos com descendência italiana e germânica, os quais certamente teriam a pele muito melhor acomodada em algum país do hemisfério norte.

Mas não faria muita questão de ter nascido por lá.

Se fizesse, renegava tudo o que já fiz, o que passa distante de qualquer querer que me afete.

Mesmo que meus erros sejam diretamente proporcionais aos meus acertos, e portanto grandes pra caramba, confesso a autoria de todas essas coisas que vivi ou deixei de viver e por isso considero mais reais ainda.

Se a normalidade é que nos dá proteção, é que nos abraça no sofá quando cansamos de ver nossa cara de sono no espelho do banheiro, é aceitar que o estômago ronca porque tivemos preguiça de comer que nos dá personalidade.

Triste é ser freak sim, mas mais triste ainda é negar os próprios impulsos. E disso não padeço.

Hoje amo ser um cidadão comum de vinte e poucos anos com algumas contas a pagar e um mundo inteiro a conhecer. Nem a Argentina conheço, veja só.

Ouvir Massive Attack seguido por The Kooks, realmente me deixa feliz. O aleatório das rádios é que me interessa de uns tempos pra cá. Sei decor minha coleção de CD's e isso é pra lá de enjoadinho. Acho que vou começar a comprar de olhos fechados e só me dar por conta da banda quando chegar em casa.
Assim enxerto novidade à força nos meus gostos. Então só faltará escolher a marca da margarina.

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