sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tudo se desintegra no final.

O que é pior: solidão na terra ou no mar?

Todos somos estátuas contemplando o vazio.

Talvez as esculturas existam por isso.

É dolorido demais ficar frente a frente consigo:
daí filhos, esposas, namorados e namoradas.

Por isso quase ninguém gosta de arte, seja da qual espécie for. Que dirá de arte moderna, a qual, na boca desses críticos de meia-tigela, espelha a fragmentação da contemporaneidade. Isso é a mesma coisa que um narrador ou comentarista de futebol, ao perceber que o jogador X não joga tudo aquilo, dizer que ele tem boa movimentação.

Ora, talvez eu esteja errado, mas correr de um lado pro outro assim sem mais é algo meio complicado. E tanto, que se complica ainda mais quando vemos que os dinossauros viveram sessenta e cinco milhões de anos na terra. No meu caso, se conseguir chegar aos oitenta, está ótimo.

Mas somente reconheceremos nossa pequenez quando morrermos.

Se não chegarmos a um lugar bom ou a qualquer lugar, ao menos jamais pensaremos nisso.

E não há nada mais maravilhoso do que esse acontecimento. Se não fossem os motoristas de caminhão que passam dias com o carrinho de lá pra cá, nosso planeta viraria uma Arca de Noé sublinhada por espuma branca e garrafas pet cheias de bactérias.

Mas uma coisa interessante me aconteceu. Daí a tranquilidade de hoje.

Sonhei que explodiu uma bomba nuclear aqui perto. Quando descobri que era aquela a morte pela bomba atômica, isso me fez muito bem. Afinal, dormi como anjo e acordei muito alegre. Um puff! e virei cinza – às vezes nem isso...

Pensando assim, se um dia tiver oportunidade, é capaz de algo desse naipe me tomar os pifes.

Porém sei que é só sonho, a
ssim como são sonhos as esculturas de gelo, areia e pedra.

Tudo se desintegra no final.

2 comentários:

pensar disse...

Nada se perde
Tudo se transforma
Não espere o fim, a vida é o agora

Um Abraço

Eduardo Matzembacher Frizzo disse...

O fim é o ponto que nunca escrevemos. A razão de não escrevermos não está na Virgínia Wolff. Muito menos naquilo que chamam de fluxo de consciência ou coisas que o valham. Poesia não é conceito. Conceito é coisa de cientista. O fim é a transformação de cada palavra na seguinte, como se estivéssemos em uma biblioteca do Borges e cada esquina fosse uma prateleira. Bom mesmo é recomeçar sabendo que o ponto não virá. Se a paixão é a única coisa que é, o amor é a única coisa que está. Saudações.