segunda-feira, 1 de junho de 2009

Deliqüescência.

Deliqüesce o luar:
transpira uivos e assaltos
em muitas escuridões
sobrepostas na tela
que da veneziana espreito.

Um vento desdobra as coisas,
um carro passa veloz,
um homem costura passos
no impasse do que bebeu.

Sinto uma saudade
estranha da solidão
de quando meus pensamentos
não tinham qualquer motivo.

A vida me parecia
um parque no qual brincar
era estar sozinho
em meio à falta de luz –
tudo como presença
contínua em rolo e filme
onde de fora eu via
o instante em que nasci.

5 comentários:

FabioZen disse...

Eduardo,tua poética descreve com exatidão a vontade de todos de retornar à proteção do ventre materno.Ao longo da vida nos aventuramos ir ir longe,mas sempre procurando não perder de vista o porto seguro!

Beatriz disse...

Esse desejo de grau zero de desejo. Nirvana!
Tem um selo pra vc no http://compulsaodiaria.blogspot.com>. ;)) Don' t worry: é um selo lindo. Fala das cores. Não se preocupe. é sincero e veio de um blog generoso de Portugal. depois se quiser falamos sobre memes, selos, ok?
Vai participar da blogagem do dia 26? então passa no http://cd-ladob.blogspot.com e pega o selo de participação e deixa seu aviso, ok?
bjo

Marjorie disse...

Lembrou-me Rodin...

Canteiro Pessoal disse...

Eduardo, belíssimo !

Camila disse...

Ai que vontade de ser protegida... de estar protegida.

De brincar só... de ser... simplesmente.

Lindo... melhor, belissimo!

BeijOs