segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pensei que era uma estrela no maio recém nascido.

Pensei que era uma estrela no maio recém nascido.

Até esbocei um pedido lembrando de quem não fui.

Mas quando sombras passaram por trás das nuvens, percebi que era só um morcego.

Ou será que eram outras aves de noite morta?

O fato é que a pergunta não traz nenhuma resposta e tudo quanto direi será só um orbitar ao redor do que não sei.

Por isso é que desisti de qualquer consideração.

Se foram morcegos ou estrelas, que diferença faz?

Em tempos em que o tempo desconfia até da vida, nos quais cantamos o medo das coisas e das pessoas, como poderei tecer pedidos nesta madrugada?

Há somente um desejo que a natureza agride quando sai da própria boca.

E se essa fumaça foi o mote do meu erro, não guardo qualquer grilo, ainda mais quando eles não existem nesta parte da cidade.

Talvez se eu fosse longe, para os campos amanhecidos, a realidade seria outra.

Mas isso é só uma divagação.

Divagação também foi quando aos oito anos joguei moedas em uma fonte de Curitiba para achar um osso de dinossauro.

O que eu queria descobrir?

Queria acaso encontrar a fonte do que não fui em fósseis que a terra deu pra esconder?

Não: fico com as nuvens, ao menos hoje aos meus vinte e quatro.

E se pensei o diverso, estrela, nuvem, morcego, não faz diferença alguma.

O mundo sou eu que nomeio, mesmo que o final nunca traga um ponto.

3 comentários:

Ana Valeska Maia disse...

Nomear, re-significar, trocar, mudar. O mundo é criação, não é? a partir do sentido que atribuímos a ele. E sentido, sabemos, é inesgotável.
Beijo.

pensar disse...

Oi Edu,
Os sentidos sao os nossos sentidos, e as visoes sao o instante.A vida e' a propria possibilidade.
Bjos

Beatriz disse...

Texto magnífico. Esse ar é inspiração. esse vulto, a "coisa" que se desloca - e dispara tudo isso que escreveu pode ser uma asa do desejo;))

Este Insufilme é um dos melhores abrigos, filtros dessa blogosfera imensa.

Obrigada Eduardo por este momento de beleza no meio de um dia cheio.

Reconfortante poder ler maio recém nascido depois do almoço com meus gatos no colo, meu amor em paz, e esperando a noite - porque aui neste sertão escutamos grilos. ainda!