quinta-feira, 28 de maio de 2009

Para Guido Emmel.

Me intriga a nota da compra:
perdida, dobrada e suja, marcada por intenção,
me diz pouco de nada ou quase nada de pouco,
ao mencionar alguém que só me chega por nome
e de quem qualquer retrato nem me será lembrança,
pois vai longe aquele ano ali datilografado, e eu,
do tempo impresso, só posso imaginar outros carros
e outros modos que memórias de negativos
projetaram em matinês.

Me intriga essa vida alheia
que cruzou por minhas questões,
sem que eu tivesse tempo
de me certificar da identidade escondida
nas manchas de indicadores que apontaram
mundos num mundo descortinado:
fugas e gases tênues,
nebulosas que são berços,
labirintos espiralados desviando para o vermelho –
talvez bem perto do atalho que me liga ao olhar
impresso em palavras, frases distantes de conclusão,
que silenciam apegos, enervam a noite calma,
do alto de qualquer monte calculando a poesia
dessa coisa sem nome que existe por todo lado
e que está nessas marcas rasas, fracas e apaixonadas,
de um homem quieto que lia estrelas que se apagavam.

2 comentários:

Marjorie disse...

Que lindo, que cheio, que céu!!!

pensar disse...

Que lindo, e dizem que somos feitos de poeira estrelar- entao porque nao acendermos?Porque tanto chorar, tanto reclamar por aí?
Vejo brilho, estrelas e um misterio magico que me leva a um extase expremido em minha gargalhada....
Um otimo dia.
Bjs